Contemplação
da Lua 2010 |
|
|
Reunião de poetas para contemplar a Lua Cheia de Outono
e compor Haicais sobre a ocasião.
30 de março de 2010
Espaço Cultural Soto-Zenshu
Templo Busshinji
Rua São Joaquim, 285, São Paulo
O que foi
Durante o outono, quando a lua cheia surge de forma esplêndida, os japoneses costumam admirá-la e aproveitam para compor poemetos conhecidos por haicai ou haiku, acompanhados de comida e bebida.
Para os poetas de haicai, a estação do outono tem um significado profundo, de grande introspecção. A lua de outono é um dos temas preferidos deste exercício poético.
Simbolicamente, nesta estação, a lua se mostra mais próxima aos olhos do poeta e, portanto, imensamente grande. Veja como foi em 2009, 2008, 2007, 2006, 2005, 2004, 2003, 2002, 2001, 2000 e 1999.
Quando foi
30 de março de 2010, terça-feira, das 19h30 às 22h00.
Onde foi
Espaço Cultural Soto-Zenshu -Templo Busshinji. Rua São Joaquim, 285, Liberdade, São Paulo. Próximo ao Metrô São Joaquim.
Como foi
Cerca de vinte pessoas reuniram-se no terraço, ainda inacabado e sem luz
elétrica, do novíssimo anexo construído nos fundos do templo-sede da
Comunidade Budista Soto-Zenshu da América do Sul. A escuridão não foi motivo
de desconforto para os poetas, que encontraram o ambiente ideal para a
introspecção necessária à espera da lua, aproveitando o ar fresco da noite
sob um céu nebuloso mas de tempo firme.
A lua não apareceu logo de cara, contribuindo para manter um clima de alegre
expectativa. Na verdade, apenas ao fim do exercício é que se pôde ver o
nosso satélite, no intervalo entre dois prédios, sempre envolto por muitas
nuvens. Mas esse contratempo não foi suficiente para deter a verve de nossos
poetas, que escreveram muitos haicais, dos quais destacamos estes:
Com a lua ausente
resta-me o último consolo:
Amigos do encontro.
Francisco Handa
Que ladrão roubou
do outro lado da janela
lua desta noite?
Francisco Handa
Muitos poetas
E a lua escondida
Num haicai
Carol Ribeiro
Coberta por nuvens
Se esconde nas lembranças
Lua desta noite
Carol Ribeiro
Três monges de negro
vagam no pátio vazio
na noite sem lua
Edson Kenji Iura
Sob o céu sem lua
só uma brasa de cigarro
no meio das trevas.
Edson Kenji Iura
O céu encoberto --
Esperar a lua cheia
carma desta noite.
Teruko Oda
Noite sem luar --
Minha amiga safenada
com quê sonhará?
Teruko Oda
Só nuvens, só nuvens
Cabeças olhando o céu
procuram a lua
Eunice Arruda
As lentes vencidas --
Com esse tempo fechado
não encontro a lua.
Neide Portugal
A sandália rota
arrasta a perna doente
na noite sem lua.
Neide Portugal
A noite é sem lua.
Tateando no papel,
Procuro um haikai.
Rogério Guimarães
Olhos surpresos
Reconhecem a lua
Em seu coração
Henrique Saad
À luz da lua
Mil folhas coloridas
Se tornam brancas
Helena Takahashi
Nuvens de vozes
Lua silenciosa
Desaparece
Helena Takahashi
Atrás das nuvens
A lua ilumina o interior
Dos apartamentos
Adriano Cavalcante
Ante os olhos
a lua anoitece entre
nuvens passageiras
Adriano Cavalcante
O rosto redondo
do monge entusiasmado
Hoje, é a lua.
Monica Martinez
Mais além das nuvens
entre os ventos e as chuvas
a lua goteja
Ricardo Imaeda
Entre duas torres
Eis que surge pros poetas
A pálida lua.
Alberto Murata
Realização
Espaço Cultural Soto-Zenshu (Templo Busshinji) e Grêmio Haicai Ipê. Apoio Cultural: KakiNet
Voltar ao início