CONTEMPLAÇÃO
DA LUA 2001 |
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REUNIÃO DE POETAS PARA CONTEMPLAR A LUA CHEIA DE OUTONO
E COMPOR HAICAIS SOBRE A OCASIÃO,
EM JAPONÊS E PORTUGUÊS.
7 de abril de 2001. 19:00h. Espaço Cultural Soto-Zenshu
Templo Busshinji - Rua São Joaquim, 285, São Paulo
O QUE É
Durante o outono, quando a lua cheia surge de forma esplêndida, os japoneses costumam admirá-la e aproveitam para compor poemetos conhecidos por haicai ou haiku, acompanhados de comida e bebida.
Para os poetas de haicai, a estação do outono tem um significado profundo, de grande introspecção. A lua de outono é um dos temas preferidos deste exercício poético.
Simbolicamente, nesta estação, a lua se mostra mais próxima aos olhos do poeta e, portanto, imensamente grande. Veja como foi em 2000 e 1999.
QUANDO FOI
7 de abril de 2001, sábado, quando a lua cheia aparece pela primeira vez no outono. Horário: 19:00h
ONDE FOI
Espaço Cultural Soto-Zenshu -Templo Busshinji. Rua São Joaquim, 285, Liberdade, São Paulo. Próximo ao Metrô São Joaquim. Estacionamento no local.
COMO FOI
por Francisco Handa
Realizamos com sucesso a Contemplação da Lua. Após ver a lua, os participantes escreveram os seus haicais para, em seguida, serem apreciados pelos companheiros de contemplação. Nesta época do ano, o céu de São Paulo apresenta-se nublado, dificultando o aparecimento da lua. Mas este fato é valorizado no haicai. Por mais de vinte minutos, os haicaístas olharam para o céu, na tentativa de ver, em alguma brecha entre as nuvens, a imensa lua outonal. De repente, no céu nublado, em alguma falha de nuvens, começa a clarear: por alguns segundos, a lua aparece. É o suficiente para o haicaísta compor o seu poema.
A prática de compor haicais na primeira lua cheia de outono é comum entre os japoneses. Chamam-na de "tsukimi", ou seja, "ver a lua". Os haicaístas reúnem-se nesta noite exclusivamente para assistir à beleza da lua e exprimir esta emoção em forma de haicais. Quando realizada nos templos budistas, prepara-se um altar a céu aberto, no qual são postas oferendas para a lua. Estas oferendas são distribuídas posteriormente entre os participantes.
REALIZAÇÃO
Espaço Cultural Soto-Zenshu (Templo Busshinji). Apoio Cultural: KakiNet
OS HAICAIS
Em noite nublada,
a contemplação da lua.
Desencanto só.
Alberto Murata
A lua nascendo
por entre os arranha-céus
faz brotar haicais.
Alberto Murata
Nuvens passageiras
pegam carona na lua
em sua eterna andança.
Alberto Murata
Depois de brincar,
atrás da mortalha branca
A lua repousa.
Francisco Handa
Na procura acima
desapareceu a lua --
Mas não o torcicolo.
Francisco Handa
Na passagem vaga
numa cortina de gaze
a lua se oculta.
Francisco Handa
A lua de outono
repentina, despontando
por entre dois prédios.
Manoel Fernandes Menendez
Repentina e plena,
enfim a cena aguardada.
A lua de outono.
Manoel Fernandes Menendez
Lua de outono
os que a olham são sem conta;
os que contemplam são contados.
Masau Simizo
Lua de outono
És a musa solitária,
do meu encanto!
Masau Simizo
Lua de outono
Contemplá-la é rezar,
bem baixinho.
Masau Simizo
Depois de esperar
já quase sem esperança
Lua, até que enfim!
Sandra Miyatake Sakamoto
Noite de suspense...
Contemplo e espero...
Mas a Lua faz charme.
Sandra Miyatake Sakamoto
Ah! Nuvens sem fim...
Inesperado presente,
A lua se mostra!
Sandra Miyatake Sakamoto
No grande silêncio
Entre as nuvens que se afastam --
O templo da lua.
Teruko Oda
Pequena platéia --
Mal terminam os aplausos
A lua se vai...
Teruko Oda
Lua-desta-noite
Galgando a serra de nuvens --
Pacientemente.
Teruko Oda
lua de abril:
a sombra das nuvens
moldura teu sorriso.
Valdir Peyceré
entre nuvens
leve risada da noite,
lua de abril.
Valdir Peyceré
emoldurada
súbita pétala branca,
lua de abril.
Valdir Peyceré