CONTEMPLAÇÃO
DA LUA 2007 |
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REUNIÃO DE POETAS PARA CONTEMPLAR A LUA CHEIA DE OUTONO
E COMPOR HAICAIS SOBRE A OCASIÃO.
2 de abril de 2007
Espaço Cultural Soto-Zenshu
Templo Busshinji
Rua São Joaquim, 285, São Paulo
O QUE É
Durante o outono, quando a lua cheia surge de forma esplêndida, os japoneses costumam admirá-la e aproveitam para compor poemetos conhecidos por haicai ou haiku, acompanhados de comida e bebida.
Para os poetas de haicai, a estação do outono tem um significado profundo, de grande introspecção. A lua de outono é um dos temas preferidos deste exercício poético.
Simbolicamente, nesta estação, a lua se mostra mais próxima aos olhos do poeta e, portanto, imensamente grande. Veja como foi em 2006, 2005, 2004, 2003, 2002, 2001, 2000 e 1999.
QUANDO FOI
2 de abril de 2007, 19h30.
ONDE FOI
Espaço Cultural Soto-Zenshu -Templo Busshinji. Rua São Joaquim, 285, Liberdade, São Paulo. Próximo ao Metrô São Joaquim.
COMO FOI
Guin Ga Eden
Tsukimi, em japonês, corresponde a um encontro de haicaístas para apreciarem o nascimento da primeira lua de outono. Todos compõem haicais que retratam o cenário do céu, limpo, enevoado ou nublado. O foco principal, porém, é a lua, enquadrada no cenário do céu e do proprio local onde estão seus participantes, no campo ou na cidade. Para não esmorecerem em seus esforços, fazem-se acompanhar de comida e bebida.
É no outono que a extrema transparência da atmosfera faz com que a lua pareça estar maior e mais próxima. O início do outono sinaliza o início de uma fase de introspecção dos haicaístas em suas vidas: é o tempo que antecipa o início do inverno rigoroso, de um período de isolamento entre os habitantes das aldeias que se espalham pelas planícies, montanhas e ilhas do recortado litoral do Japão.
No Brasil, este evento ocorre todos os anos, desde 1999, no Templo Busshinji, à rua São Joaquim, no bairro da Liberdade, cidade de S.Paulo. Este ano, iniciou-se no princípio da noite de 2 de abril, segunda-feira. Foi estabelecido que cada haicaísta apresentaria no máximo três haicais, e votasse em apenas quatro, sendo proibido votar-se em seus próprios haicais.
O céu estava claro, mas alguns farrapos de nuvens que passavam rapidamente por trás dos escuros edifícios impediam-nos a visão da lua. Era ainda muito cedo para pessimismo. Pouco durou essa ausência. Passados alguns minutos, a voz da Profa. Benedita Azevedo fez-se ouvir, forte e clara:
-- É ela. Entre os dois edifícios, a nuvem vai descobri-la outra vez!
E o vozeio inicial se dissolveu, dando lugar a um silêncio rompido por alguma tosse ou um latir de um cão.
Passados uns 40 minutos, lentamente os haicaístas foram se deslocando -- de início um a um, minutos depois em pequenos grupos -- em direção ao Templo. Teve lugar, então, a apresentação dos haicais a todos os participantes, para que, individualmente, escolhessem os que mais os tivessem impressionado. Após um pequeno lanche de moti , regado a cerveja e chá, para os
menos alcoólicos, anunciou-se o resultado da apuração, com palmas a todos os participantes.
Os haicais abaixo estão dispostos de modo a sugerirem o desenrolar da noitada, no conteúdo de seus versos.
Cadê a Lua?
Sem nenhuma lua
que motivo tem o cão
em uivar sem ver?
Francisco Handa
A lua desponta...
As nuvens se afastam --
No céu, a tranqüilidade
da lua cheia.
Teruko Oda
Eis que de repente
dissipando a densa nuvem,
o esplendor da lua.
Alberto Murata
Finalmente a lua
surge das nuvens escuras --
Dia dois de abril.
Benedita Azevedo
A primeira lua !
Ao seu clarão vão surgindo
desenhos nas nuvens.
Guin Ga Eden
Entre altos prédios
Surge com todo esplendor
A lua outonal!
Irene Fuke
Ao toque do sino
a lua sai detrás das nuvens --
Templo Busshinji.
Edson Kenji Iura
A contemplação
lua enevoada
desvenda-se e, num instante,
desaparece
Carol Ribeiro
O rosto do amigo
que surge e some nas trevas --
Lua entre nuvens.
Edson Kenji Iura
Um vento suave
a embalar as cortinas --
Lua entre nuvens.
Edson Kenji Iura
Vestida de nuvens
A lua se apresenta
Tão cheia de graça
Elvis da Silveira
poetas e loucos
contemplam a lua
com os olhos da alma
Carol Ribeiro
Lua dos poetas.
Que reunidos no templo
Com tempo contemplo.
Eber Mingardi
Luz da nossa noite,
profundamente te abraço.
Clara lua cheia.
Sergio Baldan
O cenário, a ribalta e as cortinas do palco se abrindo
Noite de lua
Todas as janelas
Têm uma lua.
Teruo Hamada
Sonho do poeta
As luzes da ribalta
Prateadas de luar.
Hazel de S.Francisco
As nuvens se afastam --
No céu, a tranqüilidade
da lua cheia.
Teruko Oda
A despedida
À lua, um pedido --
Rever os amigos de hoje
no ano que vem.
Teruko Oda
Neste, Teruko colocou-se nos versos, mas não solitária, e sim acompanhada por todos nós. E, olhando-nos, fez um simpático pedido, como que antecipando as saudades que vai sentir desta agradável noite em que nos reunimos. Saudades que também todos nós já estamos sentindo, tenho a certeza.
REALIZAÇÃO
Espaço Cultural Soto-Zenshu (Templo Busshinji). Apoio Cultural: KakiNet