O livro de haicais de Mário Quintana


O livro de haicais
Mário Quintana
Poeta gaúcho ganha livro de capa-dura com haicais ilustrados.

Coletânea de haicais (37 haicais). Organização de Ronald Polito. Ilustrações de Roberto Negreiros. Posfácio de Paulo Franchetti. Contracapa de Régis Bonvicino. Contém nota bio-bibliográfica. Editora Globo, São Paulo, 2009. 88 páginas, 27,5cm x 19cm. ISBN 978-85-250-4782-3.

Do posfácio: “[…] A conjunção dessas proposições desenha uma concepção de poesia bastante próxima daquela que se tem modernamente reconhecido no haicai japonês. Talvez seja por isso que a leitura não só dos tercetos aqui enfeixados, mas de praticamente qualquer conjunto de poemas em verso ou prosa de Quintana, propicie ao leitor, em certos momentos, não pela forma do verso, nem pela estrutura da estrofe ou mesmo pelo tratamento dos temas específicos, uma experiência próxima da que teria se lesse uma coletânea de poesia japonesa. Ou seja, a importância desses haicais ou quase haicais reside menos no seu grau de realização estética do que no fato de que, em medida variável, eles trazem para primeiro plano, isoladas de outras, algumas características gerais da poesia de Mario Quintana que são compartilhadas com o haicai japonês, tal como nós o lemos no Ocidente a partir do segundo pós-guerra: o comprazimento no humilde e no simples, o humor inclusivo que muitas vezes funciona como barreira de contenção sentimental, a apresentação fragmentária e o gosto pela redução do poema a uma imagem visual”.

Amostras:

O poema
O poema
essa estranha máscara
mais verdadeira do que a própria face…

Humilde orgulho
Aquele fiozinho d’água
Não era um rio:
Bastava-lhe ser um fio de música…

A oferenda
Eu queria trazer-te uns versos muito lindos…
Trago-lhe estas mãos vazias
Que vão tomando a forma de teu seio.

Os grilos
Eles cantam a noite inteira!
Não sabias?
Os grilos são os poetas mortos…