Silêncio das Maritacas: Haicais de uma Pandemia
Francisco Handa
Coletânea de Haicais (167 haicais). Posfácio do autor. Inclui a tradução, pelo autor, dos parágrafos iniciais de Sendas de Oku, de Bashô. Inclui listas de termos de estação utilizados. Inclui nota biográfica. Jundiaí, Telucazu, 2023, 104 páginas, 12cm x 18cm. ISBN 978-65-86928-78-5. Contato: Livraria Kondo.
Do posfácio: “Do material recolhido nas décadas anteriores, preferi o que fosse marcante, assim dei preferência aos compostos nos últimos três anos, dos tempos da pandemia. Nunca fora esse o propósito. Surgiu a oportunidade. Desta forma, acabei descartando as composições anteriores por razões diversas: a crença de que o composto recente seja mais relevante que os demais, pois os do passado representariam partes de uma memória de aprendizagem. Percebi isso em participações em antologias coletivas, do Grêmio Haicai Ipê. Aquelas composições da década de 90 poderiam ser vistas como imaturas, ou seja, um laboratório para melhor desempenho posterior. Deixamos claro, aos iniciantes na composição de haicai, que a maneira que nos foi transmitida leva em consideração a palavra de estação, que denominamos kigô. No final de cada estação, após as composições correspondentes a ela, apresentamos uma lista com os kigôs utilizados. Desta forma, esta lista poderá servir de sugestão para novas composições. Mas, antes de qualquer tentativa, seria apropriado ter a experiência com o kigô: seja a sua utilização no haicai e a vivência em relação ao objeto ou assunto a ser abordado.”
Amostras:
Somente um detalhe.
Papai Noel faz de conta
que sempre existiu.
Os olhos cansados
precisam de óculos novos.
Paineira em florada.
Raspando o rastelo
as folhas secas num canto.
Ontem também hoje.
Lua enevoada.
As velhas cartas de amor
me enchem de vergonha.