Poesia Não Acaba Nunca
Odair de Moraes
Coletânea de haicais (100 haicais). Apresentação de Simone Padilha. Posfácio de Marta Cocco. Contracapa de Lau Siqueira. Texto da orelha de Nivaldo Lopes. Ilustrações de Alexandre Santana. Contém nota biobibliográfica. Cuiabá, Carlini & Caniato, 2023, 80 p. 14cm x 21cm. ISBN 978-85-8009-335-3. Contato: odairdemorais@gmail.com.
Da apresentação: “Neste livro, fica evidente o trabalho que Odair de Morais realizou com a sonoridade — algo que acontecia bem menos no Instante Pictórico. É nítida a escolha de cenas singelas, que conduzem o olhar do leitor para o detalhe, o minúsculo, o simples e despretensioso, porém majestosamente poético. Em todas as páginas, os textos são belíssimos, como o do canário a brincar de amarelinha. Fiquei tão feliz em revisitar a casa avoenga! Seus poemas denotam uma leveza, uma pureza de olhar de menino, um misto de modernidade e bucolismo, de nostalgia dos tempos antigos, das vizinhanças, dos bairros e arrabaldes, bem como cenas cotidianas mais urbanas que ele pinta. São flashes da vida, retratos instantâneos, mas vez ou outra aparece uma selfie, voltando a câmera para incluir no cenário o poeta (como quando o eu poético bebe a luz das estrelas, o luar inebria o aniversariante, o vento amigo íntimo abre a porta ou quando a chuva molha o caderno do escritor). Em Poesia Não Acaba Nunca, Odair de Morais apresenta maturidade poética, que parece ter sido gerida pacientemente por longos três anos, o que nos leva a entender que a literatura de qualidade não é um objeto de produção em série, mas sim de um movimento de fora para dentro e de dentro para fora, profundo, seguro e consistente, como a respiração de cada segundo. Inspira-nos a retomar o que há de mais humano em nós, encarnando uma voz poética a produzir sons diversos, cantando a vida a entrar e sair de nossos pulmões.”
Amostras:
espelha o açude
a lua molhada
ao som do alaúde
cantilena tardia
à luz do poste
canta a boemia
chapéu de palha
esquecido entre canteiros
chove na hortaliça
leio ao crepúsculo
um pássaro se desprende
dentre a folhagem