Dinastia Mim
Ricardo Silvestrin
Coletânea de haicais (85 haicais). Apresentação de Rodolfo Guttilla. Orelhas de Andrei Cunha. Inclui nota bio-bibliográfica. Porto Alegre, Bestiário, 2022, 102 páginas, 12cm x 18cm. ISBN 978-65-998288-9-8. Contato: www.bestiario.com.br.
Do texto das orelhas: “Há praticamente tantos entendimentos do que venha a ser o ‘haicai no Brasil’ quanto há poetas e leitores e poetas de haicai por aqui. Nesse contexto, a síntese de Silvestrin é especialmente produtiva e potente, pois resulta de um refinamento muito rico de influências, tradições e inquietações específicas. Ele conversa de igual para igual com os poetas da tradição haicaísta brasileira, visitando os procedimentos mais conhecidos dessa turma: o humor, o paradoxo, a cultura popular, as referências ao cotidiano e ao político, a leveza desavergonhada. Encontramos também inúmeros ecos, temas e ferramentas da poesia do Japão, abrangendo não apenas o haicai medieval ou moderno, mas se estendendo ao tanka da Antiguidade… O haicai, hoje, no Brasil, é resultado de uma frutífera síntese de tradições japonesas e locais; o haicai de Silvestrin, nessa paisagem, é uma das versões mais interessantes e complexas dessa flor aclimatada”.
Amostras:
por um segundo
o hidrante separou
os dois amantes
início do dia
só a mosca
por companhia
no meio do burburinho
paro pra pensar
como se estivesse sozinho
o meteoro
mais uma vez passou raspando
até quando