Grãos de Esperança: 300 haicais guilhermianos
Wilson Guerreiro Pinheiro
Coletânea de haicais (300 haicais). Apresentação de W. J. Solha. Inclui nota bio-bibliográfica. Lisboa, Chiado, 2016, 330 páginas, 14cm x 44cm. ISBN 978-989-51-6331-1. Contato: wilsonguerreiro@gmail.com.
Da apresentação: “E vamos aos haicais. Guerreiro assume, no subtítulo, que os seus são guilhermianos. Como Guilherme de Almeida (poeta paulista, 1890-1969), ele estabeleceu para si tercetos de 5, 7 e 5 sílabas, rimas do primeiro com o terceiro verso, o segundo com rimas internas na segunda e na sétima sílabas. Sobre essa base técnica, surge o estilo Guerreiro, cuja primeira característica é a preocupação social. E outra: a paixão pelo sertão nordestino, patético e, muito mais: estético. Uma terceira: rigor. Quarta: no espaço tão exíguo do férreo terceto de cinco-sete-cinco sílabas, próprio para poucas imagens, ele às vezes nos entrega uma bela natureza morta”.
Amostras:
Um cacto do chão
floresce mal entardece
no estéril sertão.
De tudo o boi lasso
carece, e, ao morrer, parece
quadro de Picasso.
Idioma da gente
não é lago parado: é
um rio corrente.
Sabiá gorjeia,
e rã, mal rompe a manhã,
no charco vozeia.