5-7-5 Haicais: Poesias do Japão e seus kigos
Clicie Pontes
Clicie Pontes cultiva haicais no formato tradicional, observando o uso de termos-de-estação (kigos).
Coletânea de haicais (40 haicais). Prefácio da autora. Contracapa de Marialva Achcar Mazzaro. Contém nota biográfica. Edicon, São Paulo, 2008. 48 páginas, 21cm x 21cm. ISBN 978-85-290-0788-5.
Trecho do prefácio: “O haicai é imerso na captação sensorial e total do presente, saboreia a vida no aqui-agora, sem conjecturas ou opiniões. Você se nutre do real, vivenciando ícones, imagens vivas, não metafóricas, inerentes aos objetos, sem tirar conclusões ou emitir conceitos. Você simplesmente mostra, sugere. O haicai refere-se , por exemplo, ao ‘dia chuvoso’ (realidade) e nunca ao ‘dia bonito’ (apenas uma opinião): cada um tem a própria. Assim, nao se retira do leitor a liberdade. Cada haicai é único! Voce capta o momento e se nutre dele: se nao estiver atento e ‘presente’, perderá o que acontece ao seu redor. Envolvendo o leitor surge o universo da reação: você sente a seu modo o que foi sugerido. Em aberto, há um corte, uma pausa: a passagem para o inesperado, levando-o à descoberta e complementação, alegrando-se ou se entristecendo. Tudo isto nunca é explicito no haicai, apenas sugerido, dentro de um cenário natural: o ‘poeta acende a chispa e o leitor prossegue a viagem’.”
Amostras:
Vestida de azul, desaparece a menina– Um jardim de hortênsias! |
O luar aponta lá no meio do pomar, a velha coruja. |
Vidraça embaçada — Um nome se dissolvendo no frio da noite… |
Aurora no mar — Revela a névoa, um a um, Todos os veleiros… |