Chapéu de Aba Larga
Amauri Solon
Coletânea de haicais (100 haicais). Apresentação de José Marins. Textos da contracapa de A. A. de Assis e Sérgio Pichorim. Ilustrações de Pedro Mazzillo. Contém nota bio-bibliográfica. Curitiba, Araucária Cultural, 2016, 112 páginas, 11cm x 18cm. ISBN 978-85-66429-12-1. Contato: amauri.solonribeiro@gmail.com.
Da apresentação: “Estes são os haicais de um viajante pelo pampa gaúcho. Fazem o resgate de uma memória afetiva, coleta de vivências na paisagem, costumes e linguajar de sua querência, a terra sul-rio-grandense. Talvez pareçam artificiais se comparados à espontaneidade do haicai clássico de origem japonesa, que, com os elementos do ambiente, natureza e humanidade de nossas estações, busca aclimatação. Ora, o poeta é livre! Pode dar sua voz à força delicada dos três versos. Tal como a naturalização que fez Guilherme de Almeida pela adaptação da forma no guilhermino. Nosso primeiro estilo brasileiro. Aqui o poeta faz outra trilha. Como fez Anibal Beça com haicais da Amazônia, onde não há estações, só verão e tempo de águas. Como Alice Arns em haicais mato-grossenses, autênticos, técnica perfeita, generosos de sentido do haicai, e de temos que identificam as variações do meio naquelas paisagens. São poemas mestiços que transitam do terceto que teima na metáfora aos haicais com as palavras que o identificam com uma paisagem brasileira, têm sentido de haicai, um haimi de linguajar gauchesco”.
Amostras:
ah, velha querência
lembro dos antepassados
de sangue Farrapo.
sentado nas pedras
mato saudades da prenda —
chimarrão me acalma
de trote pro rancho
salta de lado o meu pingo —
baita jararaca
noite de minuano
sacode a quincha e assovia
piazada treme