Perguntar a um mestre se o que ele pratica é Zen
pode deixá-lo zangado ou simplesmente mudo. "O que você
entende por Zen?", ele poderá perguntar. Em sua racionalidade,
você discorrerá sobre as teorias expostas nos livros. "Se
é isso que você pensa ser Zen, então o que eu faço
não é Zen", responderá ele.
Conceituar qualquer arte como Zen é levar o Zen ao nível
mais baixo. Certa ceramista objetivou o Zen na forma e na queima das peças.
O comportamento "Zen" dessa ceramista era justamente descobrir
as formas no próprio processo de transformação. Cada
peça nascia quando da manipulação da matéria-prima
pela artista, de maneira completamente não-intencional.
"Como posso chamar a minha arte de Zen se nem ao menos sei o que vou
criar?", irritou-se ela, ao ser abordada por jornalistas. Afirmar
que uma arte é Zen é possuir uma idéia pré-concebida.
No momento em que isso ocorre, aquela arte deixa de ser Zen. Em outras
palavras, quando afirmo "aqui está vazio", o "vazio"
desaparece.
Francisco Handa
O que é Zen
Editora Brasiliense
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Quase todos os que estudam o haicai acreditam que Bashô escreveu
seus poemas de acordo com a iluminação Zen. Portanto, pensam
que o haicai é uma poesia que nasceu do zen-budismo. Mas o próprio
Bashô disse que não era bonzo nem adepto da seita Zen, apesar
da grande amizade com o bonzo Bucchô.
Pode-se dizer que Bashô foi espiritualmente influenciado pelo bonzo
amigo de forma profunda, tendo a sua atitude perante a arte tornado-se
cada vez mais rigorosa e séria. Ele ficou sensibilizado pelas vicissitudes
não só da vida humana, mas também dos outros seres
vivos que habitam o universo.
O saudoso bonzo zen Ryohan Shingu discorreu certa vez em artigo sobre a
"tranqüilidade". Esta é uma virtude do zen-budismo.
Pensamos que Bashô queria expressar no famoso haicai da rã
um ambiente de quietude, inspirado pelo súbito acontecimento da
natureza: um salto de rã na água de um velho tanque.
Certa vez, lemos que este haicai foi criticado por Kikaku, um de seus discípulos,
que sugeriu o termo "yamabuki" (um tipo de rosa) no lugar de
"velho tanque". Mas o Mestre preferiu o original, reforçando
sua sensibilidade poética ao referir-se à quietude que enfrentava
e ao mesmo tempo apreciava.
Reconhecemos a influência do budismo no poema de Bashô, mas
o haicai por si mesmo não é Zen ou produto artístico
do Zen.
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Em poucos artistas veremos tão ligadas as concepções
de vida e de poesia como em Bashô, poeta japonês falecido no
outono de 1694. Encontramos em Bashô, reunidos, os ideais do sábio
iluminado, do mestre generoso, do poeta andarilho, do humanismo confuciano
e da compaixão budista. A história de Bashô é
a história da transformação do haicai em uma forma
literária madura. E a história posterior do haicai é
a história da influência de Bashô.
do CAQUI
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